DIVINA CHAMA

Eu vi a luz de Gaia antes de sair do ventre

e neste momento a garganta destravou

os primeiros versos de minha existência...

Alguém me ofertou a água viva da fonte

para me matar a sede de conhecimento

e os meus porquês aderiram minha pele

frágil e o meu coração pressuroso.

Uma voz em meus ouvidos sussurrou:

Aquieta-te... a vida é dádiva!...

Ali pressenti que há caminhos a serem

trilhados, descobertas a serem feitas.

Tateei dentre as tessituras dos seres...

Cambaleei ante as dificuldades nestas

esteiras do mundo...

Chorei ante as diversas perdas... e

silenciei em meu âmago muitos gritos.

Cresci e percebi que nem todos os

caminhos dos homens saciam-me a sede

ou me matam a fome, pois os frutos do

autoconhecimento é a própria caminhada,

muitas vezes solitária...

Ante o burburinho das ruas eu duvidei

dos sonhos, até das tantas mãos que me

alentaram no trajeto.

Ah! Testemunhei almas francas, o

materialismo abjeto!...

Deparei-me ora sozinho, acompanhado, quieto...

Descobri que o amor é o que faz sentido nesta

grande jornada... e intuí num insight que a

morte é o próprio renascimento da vida!