CONFISSÃO

Não quero mais o inverno

peçonhento dos maus

Quero a primavera dos bons

Se possível, colher alguma flor

E ofertá-la a quem amo

Se não puder,

Que me deixem sozinho

A meditar nas montanhas

Da dúvida

Quero poder auscultar o silêncio

Que serenamente cobre

O corpo e a alma dos inocentes

E chorar com eles

As lágrimas que não tenho

Quero alisar

Os ventos humildes

Que trazem o perdão

Para os homens redimidos

Quero mover-me com a calma

e as certezas dos justos

Assim caminhar nos campos da dor

Sem medo nem tropeços

E não reclamar de nada

Por que nunca fui verdadeiro

Eu preciso achar-me urgentemente

No abrir da próxima estação

Para replantar meus sentimentos.