Quantas vezes...

Por quantas vezes, aqui já estive

e, em todas elas, purguei minhas mágoas...

São tantas que já perdi a noção,

de quantas vezes ferido foi meu coração...

Ferido por flechas de amor sanguinário,

ferido por lâminas em combate usuário...

Ferido por dores sem explicação,

ferido por tormentos intermináveis da alma...

Quantas vezes deverei retornar,

pois eu sei que não haverá deleção...

Não adianta pedir para não retornar,

quem determina é Deus, nós não...

Quanto pedi a Deus para que fosse a última vez,

mas eu sei que por tantas, ainda, vou retornar...

Que eu faça, portanto, por merecer,

pelo menos voltar, para o bem praticar...

Não quero me tornar um algoz de ninguém,

nem a Natureza vir a desrespeitar...

Que eu possa entranhar em mim o amor

e a ninguém fazer mal, nem me maltratar...

Se eu pudesse pediria a graça de ser só alma,

desincorporada da vida, deixar este dom em mim habitar...

Encerrar a missão, sem marcas doídas,

aproveitar para usufruir de companhias queridas,

agradecer a Deus por mais esta vida...

Não quero ser ingrata com Deus,

nem reclamar dos defeitos meus...

Se vim aqui, eu sei, purgar minha dor,

que eu consiga fazer isto com mais amor...

Quando chegar o instante da volta,

que eu não sinta tristeza, nem medo ao voltar...

Quero poder saborear o que me for dado

por Deus, com carinho e muito cuidado...

Quero cumprir meu mister assumido,

ser responsável, levar tudo ao desejado fim...

Não interromper os compromissos que tenho,

viver minha vida, sem pena de mim...

Confiar em Deus, que me fez capaz

de trilhar os caminhos de flores e espinhos...

Cuidar para que não murchem carinhos,

chegar ao plano almejado com a cabeça erguida...

É, assim, frente a Deus, que assumo esta vida,

que um dia, ao nascer, me foi confiada...

Nada é meu neste mundo, eu sei do que falo,

nem corpo, nem bens, tudo foi emprestado...

Por isso, nascemos nus e chorando,

buscando o amparo de um corpo amado...

Aqui estamos, por que Deus permitiu

que voltássemos e aprendêssemos

que o Amor é a Lei que não pode ser violada...

Somos seres passageiros, de longas jornadas,

chegando famintos, sedentos de paz...

Por isso, Senhor, não me estendo mais...

Só quero o perdão, pois dele és capaz!

Não tenho direitos, pois sou pecador,

mas eu Te suplico em nome do Amor,

que o mal que eu fiz me seja perdoado;

que o bem que eu quis seja conquistado,

pois em nome do Amor eu vim a este mundo;

e em nome do Amor, escrevo meus versos,

pedindo ao Senhor, o Deus do Universo,

que receba meu pleito, pois Tu és meu Pai...

E sei que se peço perdão para Ti,

não terei por resposta a porta fechada,

a alma açoitada, a dor mais doída...

Porque a ferida aberta em meu peito,

só Teu Amor pode fechar...

E a água que busco para me lavar,

jorrou dos Teus Olhos, quando pagou

do alto da Cruz os nossos pecados...

Perdão, meu Jesus, não eras culpado,

mas assumiu por nós toda a dor,

a única forma que o Pai permitiu,

para que fosse mostrado ao Universo,

como é sublime, mas rigorosa,

em todos os seus termos a Lei do Amor!

(às 13:46 hs do dia 18/05/2008)

Mariza Monica
Enviado por Mariza Monica em 18/05/2008
Reeditado em 18/05/2008
Código do texto: T994739
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