†† UM CLAMOR NA NOITE ††

Crepúsculos vêm, ficam, passam...

Tudo jamais muda, é sempre igual;

Criaturas tolas que pela paz choram,

Mas não tentam sequer vencer o mal.

A cada gota pluvial que cai lá fora,

É um espinho que encrava na mente;

Alma rasgada e dilacerada que chora,

Esperando que o amor esteja presente.

A chuva despenca aguda e fria lá fora,

Com nada mais do que o dever de cair;

Contudo, já veio o tempo de ir embora,

E fazer o entristecido retornar a sorrir.

As pessoas desejam alterar o mundo,

Mas se esquecem do mais importante:

Para escapar deste abismo moribundo,

Deveriam se enxergar por um instante.

Neste quarto escurecido e silencioso,

A correta verdade revelou-se a mim;

Agora, vou-me deste jardim espinhoso,

Pois não anseio mais minha vida assim.

Este chão agora é meu único suporte,

De joelhos declararei o que desejo ser;

Não farei isso somente por ser esporte,

Porque é incessantemente meu prazer...

Sozinho, de frente para esta lareira,

Jazo-me prostrado, com o rosto no pó;

Nas lembranças duma vida passageira,

Que flutuam no fulgor de uma noite só.

Porém, sei que jamais estive solitário;

Há alguém que sempre esteve comigo,

A sofrer o mesmo infindo pesar diário,

Pois sempre me amou e foi meu amigo.

Todos os dias vividos viraram nada,

Pois no correr da vida, O crucifiquei;

E se desvaneceu nas nuvens a escada,

A qual ao longo da vida galgar sonhei.

Havia escamas vendando meus olhos,

Colossal e invisível cegueira espiritual;

Eu andava por uma trilha de abrolhos,

E a Deus, a minha vida se fez algo letal.

Hoje realmente entendo tudo que fiz;

Todo meu mal pesou em Seu coração;

Mas nada disso, que ocorresse, eu quis,

E por Ti, Ó pai, elevo-Te minha oração:

“Ó grandioso Pai Celeste que jaz no Céu,

Intensos são Seus feitos, grande é Teu nome;

Permita-me a partir daqui provar do Teu mel,

Para que jamais daqui adiante eu passe fome.

Sua Palavra é o sustento do meu espírito,

E sem Ela minha alma permanecerá morta;

Servir ao SENHOR é um tão honroso mérito;

E admita-me que eu atravesse qualquer porta.

Revele, ó Pai, Seus planos para minha vida;

Durante todo meu viver servirei somente a Ti;

E nunca deixe que por minha carne eu decida,

Para não verdes de novo, SENHOR, que faleci.

Ó Altíssimo, que Suas bênçãos me persigam;

E se demônios vierem a mim por um caminho,

Por mais que em me exterminar eles persistam,

Não triunfarão, pois Contigo não ando sozinho.

Que eu me renda a Ti de todo o meu querer;

Sejam minha alma, coração e mente só Seus;

Desejo ver-Te, Ó Pai, Sua lei é todo meu prazer;

E não permito que me deixe ser um dos fariseus.

Que Tua vontade seja eternamente feita;

Que a mim Teus caminhos se tornem claros,

E que possa se alargar qualquer porta estreita,

Para que sem aflições, eu consiga atravessá-los.

Que eu exerça sempre Tua lei, meu Amado,

Para que o gozo jamais se corrompa em dor;

Que eu sempre demonstre a Ti, supremo amor,

Pois do SENHOR, é o domínio, para sempre...”.

Amém!

Lírio Noturno
Enviado por Lírio Noturno em 30/07/2006
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