Tempo de chorar

Choro pela folha que queima.

Choro pelos animais que somem.

Choro pelo cristalino das águas

que se vai,

e pelo ar

que a cada dia ganha cores novas.

Choro pela alegria dos fortes

e pela riqueza dos avarentos.

Choro pela tristeza dos fracos

e pela miséria dos generosos.

Choro pelo fato de eu ser quem estou sendo,

embora me alegre

pela graça de não ser quem eu queria ser.

É tempo de não segurar o gemido,

pois o alívio se apressa em chegar.

Mas, antes, é preciso chorar,

colocar toda lágrima para fora,

deixando espaço suficiente em nós

para toda a paz, felicidade e prazer

que nos encherá por completo

depois do último pôr-do-sol.

Fabio Ferreira S
Enviado por Fabio Ferreira S em 16/11/2010
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