A dor do mundo

A dor do mundo se abateu sobre mim.

Tenho a obrigação de anunciar: Fim!

Porém, sinto vontade de gritar: Ainda não!

A dor do mundo se abateu sobre mim.

Dor de despedida, de partida, de recomeço.

Porém, meus olhos teimam em vê-lo como eterno,

forte e poderoso, imune às profecias e às devastações.

A dor do mundo se abateu sobre mim.

Agora fico, como uma criança,

a admirar o colorido das flores no campo,

o passeio das borboletas no ar,

as alvas nuvens que rolam no alto

e as formiguinhas

que teimam em cortar folhas no meu quintal.

Sim, a dor do mundo se abateu sobre mim.

Tenho vontade de ficar e beijar a mulher amada.

Tenho vontade de pintar telas e escrever poemas belos.

Tenho vontade de viajar, brincar e correr como nunca,

fingindo não ver nem saber nada sobre o fim.

Porém, ainda que eu tape meus ouvidos,

o som das trombetas ecoarão pelo espaço.

Ainda que eu ame com toda minha força,

de nada valerá para aqueles

que fizeram do ódio e da indiferença

seu pão de cada dia.

Ainda que eu teime em dizer: Salva Senhor!

Muitos, zombando, dirão: Não há Senhor!

E a linha desse horizonte não existirá

mais que o tempo necessário

pra que a humanidade veja,

com olhos de espanto e decepção,

o grande do mal que foi capaz de fazer

com suas frágeis e limitadas mãos de barro.

Fabio Ferreira S
Enviado por Fabio Ferreira S em 18/11/2010
Código do texto: T2621948