Retrato de vidas sem o Verbo...
Meia vida, meia ilusão
Sorrisos vazios, noite sem fim
Um quarto de vida, num quarto da morte
Onde os sonhos, aniquilados pelo tempo,
Desenhados num quadrado ao invés de coração
Nos quatro lados dos cantos das paredes
Sujas, nojentas de todas imundícies
Assim como as mentes daquela gente
Chão de terra batida com cimento apodrecido
Pelos pés nus inflamados das frieiras
passos curtos até a cama feita de papelão
Esparramado pelo chão
Enfeitados com corpos sem vida...
Cemitério de gente, mas cheio de túmulos de indigentes,
Largados, abandonados pela a própria espécie humanizada
Contudo, sem Verbo, sem ação,
Sem mente e sem coração
Este é, apenas um retrato noturno
Do eco desta sociedade
Ainda, que na verdade, sem vez e sem voz
Pela falta da equidade social,
Ainda se espera por um alento:
Um mundo novo, transgênico...
Totalmente livre desta visão,
De uma cela de prisão.