SECA
Estou cansado da secura da vida.
Nada brota. Nada vinga.
Tudo é deserto e solidão...
As carcaças estendidas;
pobres, consumidas,
são disputadas pelos urubus
e seus comparsas...
A irrigação
por mim tentada,
não deu certo,
foi uma derrocada!
- O que fazer então?
Desistir; partir; se conformar... morrer.
- O que fazer?
Na alvorada de mais um dia
o sol forte a causticar,
faz o círculo recomeçar
então, vem o desfalecer.
Porém durante o dia
algo se transformou.
O sol que ora brilhava
agora, já não brilha mais,
uma nuvem negra o encobre.
Essa negra nuvem, cresceu
tomando conta do céu.
Raios, seguidos por trovões
acometem todo o firmamento.
Aterrorizado por esse fato
corri sem rumo certo
tropeçando nas carcaças
jaz consumidas; no chão,
desse deserto meu.
Chorei de medo feito criança
em busca do colo materno.
Deitei com o rosto em terra
e as lágrimas
que de meus olhos caíam,
molhavam essa terra seca
que em barro se transformou.
Agarrei esse barro
a fim de sentir algo
que há muito não sentia.
Ajoelhado e em prantos
olhei para o horizonte
onde um nevoeiro se formou.
No centro desse nevoeiro
um enorme vulto apareceu.
Ele envolvendo todo meu ser
foi se dissipando
e juntando-se às lágrimas
que escorriam dos olhos meus...
Elas, ao caírem na terra seca,
corriam formando um caudaloso rio
que irrigou a seca terra,
desse deserto meu...
PEREZ SEREZEIRO
serezeiro@yahoo.com.br J.R.P.Monteiro