SECA

Estou cansado da secura da vida.

Nada brota. Nada vinga.

Tudo é deserto e solidão...

As carcaças estendidas;

pobres, consumidas,

são disputadas pelos urubus

e seus comparsas...

A irrigação

por mim tentada,

não deu certo,

foi uma derrocada!

- O que fazer então?

Desistir; partir; se conformar... morrer.

- O que fazer?

Na alvorada de mais um dia

o sol forte a causticar,

faz o círculo recomeçar

então, vem o desfalecer.

Porém durante o dia

algo se transformou.

O sol que ora brilhava

agora, já não brilha mais,

uma nuvem negra o encobre.

Essa negra nuvem, cresceu

tomando conta do céu.

Raios, seguidos por trovões

acometem todo o firmamento.

Aterrorizado por esse fato

corri sem rumo certo

tropeçando nas carcaças

jaz consumidas; no chão,

desse deserto meu.

Chorei de medo feito criança

em busca do colo materno.

Deitei com o rosto em terra

e as lágrimas

que de meus olhos caíam,

molhavam essa terra seca

que em barro se transformou.

Agarrei esse barro

a fim de sentir algo

que há muito não sentia.

Ajoelhado e em prantos

olhei para o horizonte

onde um nevoeiro se formou.

No centro desse nevoeiro

um enorme vulto apareceu.

Ele envolvendo todo meu ser

foi se dissipando

e juntando-se às lágrimas

que escorriam dos olhos meus...

Elas, ao caírem na terra seca,

corriam formando um caudaloso rio

que irrigou a seca terra,

desse deserto meu...

PEREZ SEREZEIRO

serezeiro@yahoo.com.br J.R.P.Monteiro

Perez Serezeiro
Enviado por Perez Serezeiro em 25/11/2013
Reeditado em 25/11/2013
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