APARIÇÃO

Estou cansado da secura da vida.

Nada brota, nada vinga.

Tudo é deserto e solidão...

As carcaças estendidas

Podres, consumidas,

São disputadas pelos urubus

E seus comparsas...

A irrigação por mim tentada

Não deu certo, foi uma derrocada!

--- O que fazer então?

Desistir, partir, se conformar ... morrer.

--- O que fazer?

Na alvorada de mais um dia

O sol forte a causticar ,

Faz o círculo recomeçar

Então, vem o desfalecer.

Porém, durante o dia

Algo se transformou.

O sol que ora brilhava

Agora, já não brilha mais,

Uma nuvem negra o encobre.

Essa negra nuvem, cresceu

Tomando conta do céu.

Raios, seguidos por trovões

Acometem todo o firmamento.

Aterrorizado por esse fato

Corri sem rumo certo,

Tropeçando nas carcaças

Jaz consumidas no chão

Do deserto meu.

De medo, chorei feito criança

Em busca do colo materno.

Deitei com o rosto em terra

E as lágrimas que de meus olhos caíam,

Molhavam essa terra seca

Que em barro se transformou.

Agarrei esse barro

A fim de sentir algo

Que a muito não sentia.

Ajoelhado e em prantos

Olhei para o horizonte

Onde um nevoeiro, se formou.

Em meio a esse nevoeiro

Um enorme vulto apareceu.

Ele envolvendo meu ser

Foi se dissipando e juntando-se

Às lágrimas que corriam

Dos olhos meus;

Que ao cair na terra seca

Corria, formando um caudaloso rio,

Que irrigou a terra

Desta vida minha...

PEREZ SEREZEIRO

jrpmserezeiro@gmail.com Londrina

Perez Serezeiro
Enviado por Perez Serezeiro em 30/12/2020
Reeditado em 06/10/2021
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