O CONTO DO CANTO


A Cigarra coitadinha vivia sempre a
cantar, esperando a chegada de quem
prometeu voltar, e assim uma melodia
danava a égua a ensaiar.

Todas as noites a bichinha ficava
a cantarolar, com os olhos
rasos d'água no velho banjo a ensaiar,
o canto que ela ia ao noivo presentear.

E assim a pobre moça tristes anos
viu passar, dedilhando dia-a-dia o
velho banjo ao l uar, mas seu noivo
pretendente nem um sinal vinha dar...

S
e foram dias e anos e a cigarrara
a ensaiar sempre a mesma melodia
no costumeiro lugar com
a firme esperança do amado retornar;

Os anos foram cruéis e a velhice veio
chegar, a coitada da cigarra
desaprendeu banjular, com a chegada do
noivo já não mais soube cantar...

Por isso é que diz; o ditado popular, que
o tempo “corre frouxo” besteira é desperdiçar
Nosso tempinho sagrado com quem
tarde irá chegar.



***




Vantuilo Gonçalves
Enviado por Vantuilo Gonçalves em 29/10/2010
Reeditado em 29/10/2010
Código do texto: T2585521
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