Puro deslumbramento

Puro deslumbramento

Gatinhando, gatinhando…

Alcançou a grande janela e a enorme cortina.

Arranhou-a e lentamente, puxando-a, subiu

por ela acima

Até alcançar o peitoril, onde se apoiou, e viu...

Belos pássaros, de asas brancas que dançavam

e a espaços, alegres cantavam.

Fofas nuvens que dormitavam, mesmo por cima

do laranjal da quinta.

O lavrador trabalha no campo, amarrando molhos

de palha, extravagantes.

Uma borboleta deambulava na vidraça e queria

por instantes, entrar, para descansar na saleta.

A tudo, o menino batia palmas de alegria, e mais

Batia, feliz, quando a borboleta, fugia da sombra

e da sua infantil careta.

Deslumbrado e cansado, adormeceu no peitoril,

embalado nas asas do anjo que o ninava.

Luís Monteiro da Cunha