Zé Jacaré

ZÉ JACARÉ

Ironi Lírio

Era uma vez, Zé Jacaré

Que morava na Vila do Sapé

E igual ao seu amigo,

O sapo Lelé,

Não gostava de lavar o pé.

Zé Jacaré vivia perto da água

E achava que por isso não precisava

Mas por causa do cheirinho

Todo mundo reclamava:

Lava o pé, Zé Jacaré

Tira esse chulé!

Mas o Zé disfarçava assobiando

E corria pelo Pantanal

Fingindo que não estava escutando.

A bicharada não folgava

E todo mundo alertava:

-O banho é bom para a saúde!

Isso até o incomodava.

-Tomar banho para quê? Pensava

Tira a proteção da minha pele;

O meu couro é hidratado

E com tanto lava, lava,

Vai ficar todo enrugado!

-Essa turma tem a boca grande

Não sabe o que é verdade

Até mesmo um jacaré

Tem lá a sua vaidade!

Sem ligar para ninguém

Andava descalço, pisava na lama,

Comia coisas sem lavar,

Dormia sujo deitado na grama.

A professora, Dona Taturana

De cabelo arrepiado

Chamava a atenção do Zé

Que era muito mal criado.

Dona Jacaré do Papo Amarelo

Estava preocupada com seu filhotinho

Pois, toda vez que voltava da escola

O Zé trazia um bilhetinho.

Dona Jacaré:

Dizia o bilhetinho

O Zé comeu os lanches das crianças,

Não sobrou nenhum pouquinho.

Assinado: Dona Taturana.

A mãe preocupada

Com tanta má criação

Olhou para o seu filhote

E encontrou a solução

Foi pedir para a Dona Pata

Um pedaço de sabão.

Disse:

-Venha cá, meu filhotinho,

Tenho uma surpresa para te dar!

E quando o Zé veio correndo

Começou a lhe falar:

Zé Jacaré,

Aprenda uma lição:

-Criança mal criada

Que não gosta de tomar banho

E nem nada

Tem a pele esfregada

Para tirar todo o cascão!

Os bichos do Pantanal

Que sempre lhe deram conselhos,

Assistiram a empreitada

E gritaram da arquibancada:

-Lava a cabeça, limpa o pescoço,

Roça a barriga, esfrega o pé,

Lava o bumbum, levanta o bracinho,

Bate o rabinho, deixa limpinho

O Zé Jacaré!

Por fim, a mãe cansada

Com tanto pulo, berro e grito

Apresentou o seu filhote

Para a bicharada

Que ficou toda encantada:

-Nossa, disseram todos,

Como ficou bonito!

Nem parece aquele fedelho

E o Zé Jacaré com vergonha

De verde ficou vermelho.

Fim