ESTREPOLIA DE CRIANÇA
 
Maria não corra tanto,
A sua mãe lhe falava,
Corria peles jardins,
E pouco a escutava,
Corria o Zeca também,
Teimoso como ninguém,
No chão se esparramava.
Chorando em casa entrava,
Maria atrás lhe seguia,
Sinhá Velha o benzia,
Ele logo se aquietava,
Maria olhava-o sisuda,
Coma a lhe pedir ajuda,
Para as suas trapalhadas,
Corriam para o pomar,
Na grama escorregavam,
Subia na jabuticabeira,
Para agarrar as cigarras,
Puxavam da laranjeira,
Um balanço com amarras,
Era tanta estrepolia,
Que os pais em agonia,
O maior tempo passava.
Quando a noite ia caindo,
Sinhá Velha os apanhava,
Colocava-os em uma tina,
Com esfregão os limpava,
Com água e muito sabão,
Doía-lhe o coração,
Mesmo assim os esfregava.
Limpinhos, ela os vestia,
Levavam para cear,
Depois escovava os dentes,
Aos pais, boas noites iam dá,
Os dois iam pra cama dormir,
Pensando em recomeçar.
 
              Rio, 04/08/2011
            Feitosa dos Santos