O vovô que mora no céu

"Vou contar-lhes a história

De meu querido paivô.

Guardem sempre na memória

Com carinho e amor".

Era assim que a professora Maria

Falava sobre seu pai e avô Josué.

Reunia toda a sua amada famíla

Para compartilhar ternura e fé.

Dizia ao seu filho que o vovô

dormia,

Mas que um dia, ele iria despertar.

E que, nesse momento, do céu viria

Jesus com seus anjos para nos resgatar.

Era entre lágrimas e sorrisos

Que a Maria se lembrava do paivô.

Até o dia em que, no paraíso,

Por meio de um sonho, ela o avistou.

Que sonho lindo, era tão real!

Um lugar maravilhoso, sem igual.

Abraçou o paivô com alegria, já não havia pranto.

Foi quando ele cantou uma antiga canção, Acalanto.

" É tão tarde... A manhã já vem..."

Era cantando que fazia a netinha adormecer...

O avô sempre a quis tão bem,

Que, de avô, seu pai passou a ser.

"Pai, sinto saudades e nada esqueço

De tudo o que fizeste por mim.

Aprendi bastante e agora reconheço

Que muito do que sou, eu devo a ti.

Como era bom deitar na rede em tua companhia

E imaginar que estávamos num barco, numa pescaria!

A rede balançava pra lá e pra cá,

Os peixes eram as sandálias que eu conseguia amarrar.

Sinto falta da antiga cantoria...

Nelson Gonçalves, tua boemia...

Lembro-me também de tuas agendas

Repletas dos mais lindos poemas.

Como era bom ir contigo à escola.

Quando me buscavas, eu ia sem demora.

Era divertido o nosso caminho,

Pois era bem barulhento nosso velho carrinho.

E quando eu chegava, de onde quer que fosse,

Ficavas a me esperar com o delicioso pão doce.

Às vezes, eu nem sequer supunha,

Trazias da feira saborosas pupunhas.

Pai querido, lembras quando, à tardinha,

Eu arrancava os pêlos de tua orelha com a pinça?

Como eu gostava de te ajudar

E sentir a mais terna gratidão no teu olhar.

Ainda guardo tua mensagem comigo:

Ser a gota de orvalho, ou o sândalo ferido.

O orvalho que fecunda, o sândalo que perfuma...

Teus ensinamentos, não esquecerei nunca".

O avô sorria e continuava a cantar

O doce acalanto para, a netinha, ninar...

E, assim, no sonho, ela adormeceu

Como que acolhida pelas mãos de Deus.

Pela manhã, ao despertar,

Seu desejo era continuar a sonhar.

Mas precisava levantar,

As aulas iam começar.

Olhou para sua mão e viu o anel

Que o avô lhe dera ao se formar.

Levantou a cabeça, olhou para o céu

E teve a certeza de que o paivô estava lá.

Quão maravilhoso foi aquele dia,

Foi tão doce como o mel,

Quando Maria disse a Elias

Que o vovô Josué mora no céu!

Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP)
Enviado por Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP) em 10/01/2012
Reeditado em 26/01/2012
Código do texto: T3431901
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