NAS PLUMAS DA NOITE

Nas catacombas da noite

Quando todos dormem

É hora das bruxas

Montarem suas vassouras

*

Enquanto a lua redonda

Faz a sua ronda

Andam as bruxas pelo milharal

Catando abóboras pelo capinzal

*

Ao redor do espantalho

Falam língua de papagaio

Que só bruxa conhece

Em nenhum livro aparece

*

Calçam botas de couro de cobra

Tem narizes de batata

Uma cara de lua cheia

E telha de aranha nas gadeias

*

Ficam a maldizer as fadas

De vagalume disfarçadas

Que sempre semeiam flores

Na plantação de gengibre

*

Vão encher um tacho

Com água do riacho

Infestada pelos sapos

Prá ferver caldo de alho

*

Ficam a trançar vassouras

Com plumas das corujas

Juntando cactos e minhocas

Para rechear vidros de compota

*

Misturam uma arjunça

Com extrato de urtiga

Gergelim e cipó milhome

Prá encantar o lobisomem

*

E no último raio da lua

No piado das corujas

Montam nas vassouras

E somem numa ventania de folhas

*

E ainda não se sabe

Qual foi o animal selvagem

Que andou pelo milharal

Se foi o bicho folharal

Prá deixar tanta marca

E faltar tanta abóbora.

* * * * * * * * * * * * * * * *

NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 17/05/2013
Reeditado em 17/05/2013
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