O UNICÓRNIO DA LUA

No fundo da brenha

Ardia um monte de lenha

No tapume da cantua

Aquele luzilume da lua

*

Fervia o corrupio

De fio a pavio

No antro das corujas

A catira das bruxas

*

No zumbido da mutuca

Esticavam a cumbuca

No espeto,uma lagartixa

Embalsamada com oliva

*

Por causa do cherume

Os morcegos no bafume

Cata-cegos no pretume

Crixavam amarume

*

Na cova do banhado

Sapos refestelados

Não calavam a tramela

De medo de frigir na panela

*

Na forquilha da Cabriúva

E ramaria da Catanduva

Chilravam araramboias enroscadas

E tarântulas penduradas

*

E o bruxedo num corcovo

Torrando cogumelos venenosos

Remexiam na caldeira brava

Com uma vassoura de palha

*

Adentrou-se na mata

Um unicórnio cor de prata

Com um corno de marfim

Vindo dos corunfins

*

Uma bruxa montada

Pisoteando nas abóboras

Cavalgava no lombo

Ao largo uivo dos lobos

*

Em volta do jirau

Estaqueados nos paus

Espetados dentes de alho

Galhos de arruda e cactos

*

Quando virada a lua ia

Retrucando a cotovia

Antes da chegada dos pisa-flores,

Num saracoteado boléu

Cavalgaram na via do céu

*

E as marcas das patas

Achadas na mata,

Qualquer assombração que apareça

Leva sempre culpa a mula sem cabeça...

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 17/07/2013
Reeditado em 22/07/2013
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