AMANDA ONDE ESTÁ O ARROZ?

(A ideia surgiu a partir do diálogo com minha filha. Chegamos aquela noite, eu do trabalho ela a escola. Minha esposa estava ausente. Uma pilha imensa de louça pra lavar. Após a árdua tarefa, esquentei a comida e descobri que só tinha duas colheres de arroz. Então virei para minha filha e falei: Amanda cadê o arroz! Não dá para nós dois! Ela respondeu: Eu sei lá do arroz, papai! E deu nisso. Espero que gostem)

Amanda onde esta o arroz?

Amanda onde está o arroz?

Amanda onde está o arroz?

Pra nós dois...?

Papai, eu sei lá desse arroz...!

Veja lá se alguém vem depois

E de dois poderá virar três

A mamãe também queira, talvez...

Outra vez...!

Já achei! Ele estava no armário

Em um pote redondo ordinário

Lá no fundo peguei alguns grãos

Coloquei no escorredor vermelhão

Eu lavei, coloquei no fogão

Refoguei, botei água então...

Cozinhei...

Esse arroz que é branquinho e polido

Nem assim me terá convencido

Que jamais terá sido integral

Casca grossa, agulhinha o tal...!

Foi após que sofreu preconceito

Resolveu se despi do seu jeito

E morreu!

E depois que ele ressuscitou

Descobriu que de casca mudou

Viu perder vitamina da alma

Nem por isso perdeu sua calma

Mas, soltinho se fez cozinhar

E à mesa do sério ou vulgar

Vão falar! Que arroz tão soltinho!

Bem salgado e temperadinho...

Paladar...

Vem Amanda! O jantar está à mesa

E o arroz que você gosta tanto

Não garanto a minha destreza...

Com certeza, e isso eu garanto:

Não queimei... Veja só que espanto!

Ele está bem soltinho e “branco”

Temperado com amor integral...

No azeite e cebola... No alho e sal...

E que tal...?

___________x______________x____________

Fico assim: eu pensando na vida

E depois que essa vida convida

A fazer o feliz polimento,

Ir tirando as cascas no tempo...

Não seremos mais um alimento

Alimento nos dará o amor...

É assim que nós vamos compor

No futuro o melhor provimento

Só depois de comermos o feijão...

Com arroz... Mais de dois...!

Autor: André Pinheiro

13/03/2014