O PICA-PAU AMARELO
Vertia noite densa
E uma folia imensa
Vinha lá do fundo
Do mato profundo
*
Pica-Pau amarelo
Do bico de prego
Batendo martelo
Acordou o sapo velho
*
Saíu o sapo do rio
Tiritando de frio
Reclamando do batucado
Do Pica-Pau desconjuntado
Que retrucou refestelado:
*
-Sapo verde,se perde
Fica longe,se esconde
Não tem nem um pito
De não ser bonito
Por não ter amigo
Fica no banhado metido
*
E o sapo de resposta
Sem fazer cara torta
Saíu da penumbra
Numa luz que deslumbra
Clamando saparia
Coaxando poesia:
*
-Nesta madrugada
Veio a mim uma fada
Ficou encantada
Foi comigo ver a lua
Na beira da laguna
*
E o Pica-Pau descrente
Do sapo doente
Da mata trocou de toca
Enquanto o sapo,filava a minhoca
*
E não viram que na flor
Na mistura de cor
Se ria um duende
Mascando olivas verdes...
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