Rei Moribundo

Num reino encantado,

Cheio de fantasias,

Um leão amedrontado

Chegava ao fim de seus dias.

Era triste o seu estado.

Que tamanha ironia!

O rei, abandonado,

Morrendo em agonia.

Quem o via agonizando

Recordava a regalia

Que o leão moribundo,

Quando jovem, usufruía.

Seus súditos, satisfeitos,

Homenagens lhe prestavam.

Perdoavam seus defeitos

E até o endeusavam.

Mesmo os que o odiavam

Lhe demonstravam respeito.

Quando o viam, se esquivavam.

Era sempre desse jeito.

Animais mais corpulentos,

Como o urso e o elefante,

Reconheciam os talentos

Do temido governante.

Porém, à beira da morte,

O ex-todo-poderoso

Já não tinha a mesma sorte:

Ficara fraco e medroso.

Temia a bicharada,

Sua sina dava dó:

Estirado na estrada,

Morrendo covarde e só.

Josué Batista
Enviado por Josué Batista em 06/10/2014
Reeditado em 07/10/2014
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