O VELÓRIO DA CIGARRA
Na folha estendida
Um cadáver jazia
Duma cigarra sem vida
Carregada pelas formigas
. . .
O pastor,um louva-deus
Dava o último adeus
Repicando uma prece
Mais rôxo do que verde
. . .
Gafanhotos enfileirados
Vagalumes apagados
Grilos desacorsoados
Velavam o velório
. . .
Abelhas a se queixar
De frio a tiritar
Pelo lúrido matagal
Zumbindo destino igual
. . .
E a cigarra sepultada
Coberta com pétalas de rosa
Ficou lá, num sono eterno
Entre trevos e cogumelos
. . .
Mesmo assim suas irmãs seguiam a cantar,
Ou será que estavam a chorar?
. . . . . . . . . . . . . . . . .