O VELÓRIO DA CIGARRA

Na folha estendida

Um cadáver jazia

Duma cigarra sem vida

Carregada pelas formigas

. . .

O pastor,um louva-deus

Dava o último adeus

Repicando uma prece

Mais rôxo do que verde

. . .

Gafanhotos enfileirados

Vagalumes apagados

Grilos desacorsoados

Velavam o velório

. . .

Abelhas a se queixar

De frio a tiritar

Pelo lúrido matagal

Zumbindo destino igual

. . .

E a cigarra sepultada

Coberta com pétalas de rosa

Ficou lá, num sono eterno

Entre trevos e cogumelos

. . .

Mesmo assim suas irmãs seguiam a cantar,

Ou será que estavam a chorar?

. . . . . . . . . . . . . . . . .

NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 01/12/2014
Reeditado em 20/12/2014
Código do texto: T5055365
Classificação de conteúdo: seguro