A ABELHA MORTA

Zumbia uma abelha

Graúda como ervilha

Numa flor se aplastou

Apagou o lume dos olhos

E ali ficou de molho

Logo a cigarra crixava

Nas folhas se queixava

Espalhando a notícia

Para toda glícia

Do castigo do céu

Da míngua de mel

Foi o louva-deus encomendado

E já veio preparado

Com folha de arruda

Prá fazer benzedura

Pendiam as libélulas

Nos cálices das campânulas

Bimbalhando sino

Avisando os grilos

As formigas sem demora

Recortaram folha da passiflora

Para servir de baieta

Mortalha da parenta

Então um esbelto mosquito

Assoviando apito

Foi atrapalhar a soneca

Da abelha quieta

E saíu zumbindo feito um avião

Zangada como um dragão

Desdenhando da mutuca

Que vive de bagunça

Fazendo espelunca

-Será que no mel tem muito açúcar?

NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 22/05/2015
Reeditado em 22/05/2015
Código do texto: T5250456
Classificação de conteúdo: seguro