A ABELHA MORTA
Zumbia uma abelha
Graúda como ervilha
Numa flor se aplastou
Apagou o lume dos olhos
E ali ficou de molho
Logo a cigarra crixava
Nas folhas se queixava
Espalhando a notícia
Para toda glícia
Do castigo do céu
Da míngua de mel
Foi o louva-deus encomendado
E já veio preparado
Com folha de arruda
Prá fazer benzedura
Pendiam as libélulas
Nos cálices das campânulas
Bimbalhando sino
Avisando os grilos
As formigas sem demora
Recortaram folha da passiflora
Para servir de baieta
Mortalha da parenta
Então um esbelto mosquito
Assoviando apito
Foi atrapalhar a soneca
Da abelha quieta
E saíu zumbindo feito um avião
Zangada como um dragão
Desdenhando da mutuca
Que vive de bagunça
Fazendo espelunca
-Será que no mel tem muito açúcar?