NOITE AZUL
Piava a mãe da lua
No alto da Guavijuva
Faziam festa com os grilos
Figuras saídas dos livros
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Num canudo de taquara
Um coboldo assoviava
Igual passarinho espoleta
Quando vê borboleta
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Um saci sapeca
Debulhava milho de pipoca
Prá estourar no tacho
Esperneando feito sapo
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Um gnomo maneca
Esticava uma soneca
Numa folha de melancia
Entre lesmas a reviria
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Remexia uma gororoba
Com fatias de abóboras
Uma bruxa desengonçada
De gadeias espaventadas
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Um trollo escangalhado
Com rabo de cavalo
Espetava mosquito num graveto
Prá torrar no espeto
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Na toca do esquilo
Lagartixas de meio quilo
Tiritavam as canelas
Com medo de ir prá panela
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Depois de encher a pança
Deram de fazer dança
Num requebro de ondas
De silhuetas nas sombras
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E quando cantou a saracura
Nos quintos da brenha escura
Se recolheram antes da chuva,arvorados
Prá não estragar o penteado
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