O CASÓRIO DA FORMIGA

Os sapos de atalaia

Nas rendas das samambaias

Com olho de bolita

Vidrados na marmita

Do casório da formiga

. . . .

Na balada das cigarras

Ia a noiva enfeitada

Com folhas de trevo

Na carruagem de cogumelo

. . . .

Esbelta ia a formiga

Esticada na cinta-liga

No espartilho espremida

Escondendo a dobra da barriga

Num buquê de margaridas

. . . .

Vestia grinalda de marsanilhas

Num aroma de baunilha

As abelhas num zumbido

Levavam a cauda do vestido

Arrastando de comprido

De pétalas tecido

. . . .

O vagalume elegante

De fatiota reluzente

Amontoava os presentes

Enrolados em folhas verdes

. . . .

O besouro clorofila

Na casaca de ervilha

Tilintava os sinos

Nos cálices dos lírios

. . . .

No tapete de heras

Entre as palmas da aloe-vera

Esperava o noivo

Um tísico pernilongo

Com uma argola no bolso

. . . .

Benzidos pelo louva-deus

Com água benta da chuva do céu

Brindaram suco de flores e mel

Trocaram o anel

. . . .

Foram pro banquete

Se derretendo igual sorvete

A alegria era tanta

Caíram na dança

Virou uma festança

Que não sái da lembrança

Assim zumbem as moscas

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 01/02/2016
Reeditado em 01/02/2016
Código do texto: T5529934
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