O CASÓRIO DA FORMIGA
Os sapos de atalaia
Nas rendas das samambaias
Com olho de bolita
Vidrados na marmita
Do casório da formiga
. . . .
Na balada das cigarras
Ia a noiva enfeitada
Com folhas de trevo
Na carruagem de cogumelo
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Esbelta ia a formiga
Esticada na cinta-liga
No espartilho espremida
Escondendo a dobra da barriga
Num buquê de margaridas
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Vestia grinalda de marsanilhas
Num aroma de baunilha
As abelhas num zumbido
Levavam a cauda do vestido
Arrastando de comprido
De pétalas tecido
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O vagalume elegante
De fatiota reluzente
Amontoava os presentes
Enrolados em folhas verdes
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O besouro clorofila
Na casaca de ervilha
Tilintava os sinos
Nos cálices dos lírios
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No tapete de heras
Entre as palmas da aloe-vera
Esperava o noivo
Um tísico pernilongo
Com uma argola no bolso
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Benzidos pelo louva-deus
Com água benta da chuva do céu
Brindaram suco de flores e mel
Trocaram o anel
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Foram pro banquete
Se derretendo igual sorvete
A alegria era tanta
Caíram na dança
Virou uma festança
Que não sái da lembrança
Assim zumbem as moscas
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