O ENTERRO DO SAPO
Na beira do olho dágua
chorava a sapaiada
tamanho foi o assombro
ao ver o parceiro morto
*
Se deu um inquérito
para achar o culpado
a coruja tabacuda
bancava testemunha:
-o sapo espichado
foi pelo elefante pisoteado!
não havia elefante nos jurados...
*
Foi veneno da lambisgoia
que picou ele de tocaia!
não se via nenhuma cobra...
*
As abelhas boludas
espetaram nele suas agulhas!
não se ouvia zumbido de abelha...
*
Eis que no tronco do cacau
bateu o pica-pau
tomando por assombração
terminaram coa junção
*
A lagartixa por caridade
sepultou o sapo entre as flores
onde recebe louvores
de borboletas e beija-flores
*
Sapo vivo vale pouco
só faz falta depois de morto
neste mundo de gafanhotos
se tiram a vida uns dos outros
e andam por aí soltos
nas leis dos tortos
* * * * * * * * * * * * * *