Cafuné

Eu conheço muita gente

Que tem nome diferente

Etelvina, Felisberto,

Deolinda, Frankenstein...

Na história que vou contar,

Acredite se quiser,

Aparece um menino que se chama Cafuné.

Desde bem pequenininho

Do tamanho de um botão

O menino era dengoso

Tinha um grande coração

Gostava de ter carinho

De toque, de proteção.

De carícia, de afago,

Da cabeça até os pés

Não podia chamar Zé,

Acredite se quiser,

O nome do menino tinha que ser Cafuné.

De cabelo cacheado

Cresceu mais do que depressa

Logo andava de bermuda

E tênis desamarrado

Cafuné logo tomou,

Não se sabe a razão,

Gosto em guardar as coisas,

Gosto em fazer coleção.

Primeiro as figurinhas

Que logo deixou num canto...

Depois, os super-heróis,

Que encostou na escrivaninha.

Colecionou até boné,

Acredite se quiser,

Aquele garoto que chamava Cafuné.

Mas um dia, não sei como

Não que fosse de propósito,

Cafuné viu o seu quarto

Transformar-se em um depósito

Figurinhas, tênis, meias,

Bonés, copos, papelada,

Era tanta bugiganga

E não se encontrava nada!

Ficou muito incomodado,

Acredite se quiser,

Aquele menino que chamava Cafuné.

Recolheu super-heróis,

Que doou pro orfanato.

Colou todas figurinhas

Nos seus álbuns de retrato

Deu de presente os bonés

De que havia enjoado

Organizou e limpou

Todo espaço do seu quarto.

Sentiu-se melhor na mesma hora,

Acredite se quiser,

O menino já crescido que chamava Cafuné.

Respirou fundo o ar

Que agora estava limpo

Sentiu-se muito melhor

O corpo todo sorrindo

Utilizando tralhas velhas

Fez muita gente contente

Organizando suas coisas

Deixou o mundo diferente

Ficou mesmo orgulhoso,

Acredite se quiser,

O tal do garoto que chamava Cafuné.

Cafuné queria, agora,

Contar para toda a gente

Que, com pouco, muito pouco,

Pode-se mudar o mundo.

Utilizar melhor as coisas,

Organizar ao seu redor,

Deixar tudo muito limpo

O planeta agradece.

Aprendeu bem rapidinho,

Acredite se quiser,

O menino já crescido que chamava Cafuné.