O lugar onde eu planto os meus sonhos.

Eu gosto mesmo é de ser criança

Subir-me num pé de sonhos

Me arvorar no galho mais alto

E imaginar que esses anos passados

Foram só devaneios de infância

E que vou descer de lá

Num quintal que existe ainda

Pode ser naquela linda hora triste

Em que a mãe mandava ir tomar banho

E banhar-me de toda malícia

Dessa astúcia adquirida

Nas feridas que a vida trouxe

Enquanto a vida não tirou-me ainda

da mente essa doce lembrança

E de novo encher-me de sonhos

Criança nasce de novo, todo dia

E no dia que não mais for assim

Não é mais infância.

Criança deseja, sim

Ter aquilo que não tem

Mas, se não tiver, nem liga

Criança não é mulher e nem homem

Criança é criança

Come o que todos comem

Mas na hora de sonhar

Ninguém sonha melhor do que ela

Aquela briga boba pela vida

Ainda não lhe pertence

Tanto faz, quem vence ou quem vence

Pensa assim...e assim todos vencem

Criança tem paz, sorri para a vida

Não faz mal se a vida não sorri de volta

São tudo coisas da vida

E nada que a vida fizer

A convence a desistir de nada

Criança volta pra casa

Vencedora e satisfeita, todo dia

As dores de hoje

Não vão mais doer amanhã

Criança não tem

Cicatrizes na alma

Hoje, por maior seja

A calma com que eu desça

Do galho do pé de sonhos

Os velhos pés sentem dor

Pior é a dor de não saber

Se hoje o meu sonho maior

É o sonho de eu

Nunca mais subir lá

ou de lá

Nunca mais eu descer.

Edson Ricardo Paiva.