DESDITA

Da janela eu vejo

A menina chegar

Com laço de fita

E um cheiro no ar.

Abro a porta correndo

Um bombom vou lhe dar

Não sei o que dizer

Começo a gaguejar.

Abro então um sorriso

Já ensaio um verso

Vem chegando um esperto

Pra menina roubar.

Fico aflito e vermelho

Uma palavra não digo

Ela está indo embora

Com o meu inimigo.

De mãos dadas eu vejo

Os dois a se afastar

Eu em pé na calçada

Como um bobo a olhar.

O papel do bombom

Jogado na pista

Testemunha ocular

Da minha desdita.