O GIGANTE CANIBAL CAP 4

O GIGANTE CANIBAL – 23 SET 21

Capítulo Quarto

Mas a ideia não lhe saiu da cabecinha

e noutro dia fugiu de casa novamente,

cruzou o vale e, igual que uma cabrinha,

pôs-se a subir a montanha velozmente;

mas logo viu ser difícil a escalada,

que nunca fora dantes conquistada

e parou em plataforma a descansar,

reunindo forças para recomeçar...

Mas um filhote de águia, de repente,

veio caindo e a seus pés ficou parado;

Teddy o tomou nos braços, gentilmente

e percebeu estar todo ensanguentado.

Será que quebrou a asa, o pobrezinho?

Em seu lenço enfaixou-o com carinho

E o guardou por dentro da camisa,

mais proteção a ave assim precisa.

Mas quando ia retomar a escalada,

imensa sombra sobre ele pairou!

Seria a garra do gigante ali esticada?

Logo a visão de grande águia o dominou,

Mas sem sentir por ela algum receio,

retirou o passarinho de seu seio

e o apresentou com toda a boa vontade:

logo a águia reconheceu a sua bondade.

Ficou bem claro que mal algum fizera,

bem ao contrário, a seu filhote protegera;

logo em seu bico pelo lenço o recolhera

e alçara voo até o ninho que escolhera!...

Ficou o menino seu voo a contemplar

e a seguir viu a grande águia retornar,

novamente a contemplá-la sem receio,

que mal lhe viesse fazer não havia meio!

A seu lado a enorme ave pousou

e com grande galhardia agradeceu:

“Sou a Rainha das Águias!” lhe falou.

“Já de outra vez um filhote meu morreu,

mas vi de longe como o seguraste

e desse modo a vida lhe salvaste!

Em recompensa, te concedo algum desejo,

pede agora o que quiseres, sem ter pejo!...”

“Bem, nesse caso, o que eu queria ter

é um par de asas, igual que o da senhora!”

“Bem facilmente isso te posso conceder,

mas para que as desejas nesta hora?”

“Eu sei que Krom já devorou meus pais!

Quero vingar a eles e a muitos mais!

Quero matá-lo para ter a minha vingança!”

“Está certo, mas ainda és muito criança!”

“Dou-te as asas, mas vais me prometer

que não perturbarás esse gigante.

Por mais sete anos continuará a adormecer

E só então o podes enfrentar confiante!”

E tomando duas de suas penas,

um único sopro lhe bastou, apenas,

para formar duas asas portentosas,

que em suas costas instalou, muito formosas!...

Então Teddy o voo praticou

e em breve, até o cume ele subiu,

as duas patas do gigante ultrapassou

e na caverna o monstro inteiro viu!

Foi acometido por imenso medo,

porém a águia lhe sussurrou em segredo:

“Não te assustes, que depois te ajudarei,

Porém as asas, por enquanto, esconderei.”

“Não fales dessas asas a ninguém,

vão pensar que és malvado feiticeiro,

provavelmente te matarão também:

aos diferentes perseguem bem ligeiro!

Mas esse Krom também perturba as aves:

quando se acorda de suas profundas caves,

tudo que encontra come a seu contento,

nem para as aves sobra um alimento!”

Assim Teddy as asas devolveu

e desceu até o vale calmamente;

dando a volta ao outro monte, se escondeu

e subiu do lado oposto, calmamente.

Mas quando disse que o gigante acordaria

só daí a sete anos, conforme já sabia,

de sua aventura nada revelou

e ninguém, naturalmente, o acreditou!