O emaranhado.

Longe se vai

O tempo que eu fui menino

de cara queimada de Sol

Joelho repleto de machucados

de quem sobe em muros

Cai de árvores

Maceta mármore em lata

Corre atrás das pipas

E não pára quieto um instante

Lá se vai ao longe

O tempo do Sol a pino

A rolimã que rangia

A metade de um dia eu tinha

Pra resolver os problemas

Que arrumava de meio-dia em diante

Sem atentar para o fato

Que eu já os tinha e eram muitos

Eram tantos

Que até hoje minh'alma duvida

Que mesmo se hoje eu tivesse

Toda calma que existe no mundo

Eles pudessem ser resolvidos

Em somente uma vida

da mesma maneira que

Naqueles dias que longe se vão

Sem pensar, eu apenas desatava

Em questão de segundos

A mesma espécie de emaranhado

Que hoje, me faz calado e me dói no peito

Pois um dia a gente cresce

... e esquece

como era o jeito que se fazia.

Edson Ricardo Paiva.