A MENINA QUE MATOU O PAPÃO III/IV

A MENINA E O PAPÃO III

Assim, assou um bolo delicioso

e o enrolou no seu paninho azul.

Dos sete amigos, cada um assume

cuidar da casa nos dias de costume

e se mostrou cada qual mais generoso.

Mesmo assim, deixou a casa bem trancada,

com medo que viesse algum ladrão.

Os seus amigos visitavam só de dia

e desse modo, alguém até podia

roubar sua casa e não lhe deixar nada!...

Depois de quatro horas de jornada,

sentiu o bolo ficando mais pesado...

Estava só no meio do caminho

e resolver sentar, só um pouquinho,

porque já estava, de fato, bem cansada...

De ter visto aquela pedra não lembrava...

Estava bem quentinha, sob o sol...

Até dava a impressão de ser macia

essa pedra que a luz não refletia...

Logo Meiling largou o bolo e descansava...

Ela sabia que não podia dormir,

caso contrário, não chegaria em casa...

Mas apenas recostou-se, cochilou...

De repente, com um susto, despertou,

quando uma voz muito rouca fez-se ouvir:

"Ah, menina, eu quero essa comida!"

Meiling olhou em volta, mas ninguém

havia por perto. "Será que eu sonhei...?"

"Sonhaste nada, fui eu que falei!..."

tornou a voz, perfeitamente ouvida.

A MENINA E O PAPÃO IV

Então Meiling se levantou de um salto!

A voz surgia bem debaixo dela!

Na própria pedra abria-se uma fenda:

Meiling recuou depressa para a senda,

agarrando seu bolo, em sobressalto!...

A fenda era uma boca bem vermelha,

cheia de dentes amarelos e pontudos,

a língua projetada qual serpente,

dois olhos verdes se abriram, de repente:

a uma cabeça a pedra se assemelha!...

"Eu quero essa comida e quero já!"

Surgiram braços e depois dois pés.

Meiling estava a ponto de correr,

mas viu que o monstro custava a se mexer.

"Me dá esse pacote que aí está!..."

A menina estava até bem assustada,

mas viu que a pedra nem saía do lugar

e protestou, bastante corajosa:

"O bolo é de meus pais, sua feiosa!

Não é para qualquer pedra abobada!..."

"Pois então, vou te agarrar e te comer!"

"Você vai ter de me pegar primeiro!

Se nem consegue sair desse lugar,

de que jeito poderá vir me pegar?

Nenhuma pedra conseguirá correr!..."

"Mas acontece que não sou pedra nenhuma!

Sou o grande Papão Tereng Ganu!

E agora, já não tem medo de mim!?...

Fique sabendo que não vai ficar assim:

de mim nunca escapou criança alguma!..."