A MENINA QUE MATOU O PAPÃO 13/14

A MENINA E O PAPÃO XIII

"Ora, ora, acho que só isso não adianta...

Mas os peixinhos estão vivos, com certeza...

Será que o Papão fica mesmo satisfeito

só de comer esses bichinhos? Não tem jeito,

não vai chegar para entupir a sua garganta..."

"Escuta, para menos se perder,

melhor é que você deixe a porta aberta,

ou ele quebra tudo quanto tinhas,

mesmo porque tem umas quantas coisas minhas,

que eu vou pegar, depois que ele te comer..."

"Ai, Tchiang, não brinca assim comigo!...

Deixa eu passar a noite na tua casa!..."

"Minha querida, que casa? Moro no lixo,

no ferro-velho, igual que nem um bicho,

com umas latas empilhadas como abrigo..."

"Mas eu não quero que o Papão me coma!..."

"Ora, ora, vamos ver o que eu tenho aqui...

Pega esta corda e esta peça de metal,

pendura bem no teto e, no final,

larga na cabeça dele!... Anda, toma!..."

"Você fica escondida atrás da cama

e assim que ele entrar, solta esse ferro

direto em cima da cabeça do malvado!

O ferro mata o monstro, bem matado:

É bem pesado, vê se não reclama..."

"Obrigada, Tchiang, mas não sei..."

"É só largares no momento certo...

Muito melhor que toda essa bobagem

que te deram... Mostra toda a tua coragem...

E agora, vou-me embora, me atrasei..."

A MENINA E O PAPÃO XIV

Meiling ficou parada no caminho,

fazendo força para agarrar o ferro...

Pensou que até servia como arma,

se sua coragem vencesse seu alarma...

Mas então, viu outro homem, bem pertinho...

Também usava sandálias de madeira

e um chapéu de aba larga na cabeça,,,

Tinha uma trança longa, olhos puxados,

o rosto e os braços meio amarelados,

descendo, sem ter pressa, uma ladeira...

Reconheceu Tchieng, bem depressa...

"Ai, meu amigo, que bom foi te encontrar!"

"Mas quem será você, minha garotinha?"

"Sou a Meiling, eu sou tua amiguinha..."

"Ah, é mesmo! Que coisa a minha cabeça..."

"Bem, estou indo para minha caçada...

"Espera, me aconteceu coisa horrorosa!"

"Ah, comigo houve uma coisa parecida:

não achava as minhas flechas na saída,

tinha deixado a aljava pendurada..."

"Tchieng, me escuta!... O Papão quer me comer!

Tchang me deu umas lascas de bambu,

Tcheng me deu um pacote de agulhinhas,

Tching me deu o cocô das suas galinhas,

Tchong uns peixinhos quis me oferecer..."

"Tchung me deu ovos podres de montão

e Tchieng este ferro tão pesado,

mas eu acho que não vai adiantar nada!

E eu não quero ser hoje devorada!

Estou com medo, vê como bate o coração!..."