A FADA DO RIO 11/12

A FADA DO RIO XI

"E pensa bem!... Se tomares a poção

e teu príncipe algum dia te esquecer,

como castigo, os dois irão morrer,

condenados à eterna danação!..."

Porém Rusalka em seu amor confiava,

na inexperiência de seus quinze anos...

Tomou a poção e sofreu males insanos,

mas logo a forma humana recobrava.

Yesibaba, então, guardou-lhe a fala

no interior de uma concha nacarada.

Quando Rusalka retornou, era esperada

por sua madrasta, que lhe deu trajo de gala.

E em troca, o seu pente lhe pediu:

"Se algum dia precisares retornar,

o meu afeto poderás reconquistar,

junto a este pente que em minha mão luziu."

Pouco depois, o príncipe surgiu

e viu Rusalka, mais bela que lembrava.

Tomou-a nos braços, mas ela não falava:

mesmo assim, o seu amor não diminuiu.

Colocou-a na garupa do cavalo

e galopou em direção a seu castelo.

Porém lhe disse que por mais que fosse belo

o seu nome, não poderia empregá-lo.

A FADA DO RIO XII

Pois prometera contrair seu matrimônio

com a corça que havia desencantado.

Contudo o nome de Rusalka pronunciado

lembraria aos cortesãos algum demônio...

Ela a apresentaria como Liubliana...

E perguntou se o novo nome lhe agradava.

Em concordância, ela sorriu e lhe acenava:

perdera a fala ao retornar à forma humana!...

Já no castelo, ele atribuiu à timidez

esse silêncio estranho da menina...

Por sorte, antes de enfrentar sua sina,

ela aprendera a escrever... E assim fez,

quando se achou com o príncipe sozinha...

Um sacerdote ortodoxo a batizou

e, por escrito, ela os votos afirmou,

sendo abençoada em longa ladainha...

Dentro em breve, celebrou-se o casamento,

com grande pompa e alegria desusada.

Mas a princesa que fora desprezada,

lançou nos dois um mau encantamento...

Em breve veio sobre Levko o esquecimento:

não mais podia a Rusalka conhecer.

E assim ninguém o pôde convencer

que se casara com ela em algum momento...