A FADA DO RIO 13/14

A FADA DO RIO XIII

Rusalka então partiu, envolta em prantos

e o casamento, a seguir, foi anulado,

sob o pretexto de que não fora consumado.

Procurou Levko da noiva seus encantos.

Ela pediu que seu leque devolvesse.

O príncipe não lembrava o que fizera,

mas que ele o havia dado ela soubera,

desde o momento em que a magia fez-se.

E assim, ela partiu em sua carruagem,

com seus servos e sua comitiva.

Ficou Levko sozinho e a mente esquiva

não recordava seu amor, nem de passagem.

Para ele, nada havia acontecido

e, no outro dia, novamente ele montou:

mais uma vez a Corça Branca procurou;

toda a lembrança de Rusalka havia perdido!...

Sua salvação havia comprometido,

mas nem por um instante desconfiava.

E logo às margens do Dnieper retornava,

empós a caça que já havia perseguido.

Porém Rusalka fora recebida com carinho

pela madrasta e pelo Rei do Rio.

Yezibaba sentiu forte arrepio

e abriu a concha com a ponta de um espinho.

A FADA DO RIO XIV

E a fala de Rusalka foi nadando,

até chegar à sua boca e à sua garganta.

Um tal portento ali ninguém espanta,

mas Yezibaba a seguiu e foi falando

que ainda tinha efeito a sua poção,

porque Rusalka em buditchka se tornara

e não apenas a sua fala recobrara:

era preciso cumprir a maldição!...

Como buditchka, era do mal agora

e tinha de afogar muitas crianças!...

E despertar nos homens esperanças,

para o fundo os carregar na mesma hora.

Mas Rusalka protestou não ser assim!...

Yesibaba uma adaga deu-lhe, então:

"Deves cravá-la de Levko no coração

ingrato, que tanto mal te fez, enfim!..."

De novo Levko a Corça Branca perseguia...

Ao ver Rusalka, de tudo recordou:

abraçou-a enamorado e até a beijou.

Mas esse beijo a sua morte pressagia...

A boa Rusalka lançou no rio a adaga,

porém de nada adiantou. No mesmo instante,

veio um clarão de luz enregelante,

do encantamento, a exigir sua paga!...