Marcinha poeta

sentei-me no chão com Marcinha

pra brincar de poesia

ela falava, eu escrevia

eu falava, ela sorria

a brincadeira consistia

em reunirmos palavras

que um ao outro dizia

pra que fizéssemos versos

que no final formariam

um poema a quatro mãos

quando acabou, vi que havia

no texto um camaleão

que tinha medo dos homens

e machucado o nariz

mas não parecia infeliz

pois tinha bom coração

logo fiquei com a impressão

de que ela não me entendia

com toda a atenção que me lia

pois eu só falava de flores

de lua, de alguns amores

de beijos de madrugada

de forma meio rebuscada

sem a menor emoção

foi quando ela disse-me então

que ia colar o nariz

do camaleão que inventou

pra que ele não sentisse dor

com a sua massinha de cera

e eu me perguntei se é besteira

a poesia que escrevo

ou se é melhor ou o que devo

é ir aprender com a Marcinha

Rio, 15/02/2008