O ELEFANTE E O MACACO

O elefante foi à feira

Pra comer cachorro-quente

Encontrou já de primeira

E ficou muito contente

Comeu de se lambuzar

Comeu mais de vinte, uns trinta!

E só conseguiu parar

Por ter que afrouchar a cinta

O feirante era o macaco

Que ficava só olhando

Enrolado num casaco

Desconfiado, resmungando

Alisava o seu capote

E olhava de soslaio

Medo de levar calote

"-Desse elefante lacaio !"

Mas cliente como esse

É difícil de encontrar

"-Tá com fome, isso vê-se"

"-Assim vai arrebentar"

E o macaco anotando

Para não perder a conta

"-Depois de comer um bando"

"-A memória fica tonta !"

O elefante pagou

Tudo muito direitinho

Bem devagar se virou

E seguiu devagarzinho

Seguiu assim, lentamente

Alegre, feliz da vida

Imaginando, contente

"-Vou dar 'aquela' dormida !"

Mal sabia o coitadinho

O que vinha pela frente

Já no meio do caminho

Sentiu algo diferente

Era um roncar na barriga

Difícil de segurar

Quem já sentiu que o diga

Dá vontade de chorar

Entrou em casa a correr

Aflito, muito 'apertado'

Ninguém tentou socorrer

Ele tava apressado

Passou o dia correndo

Da sala para o banheiro

E os parentes todos vendo

Ninguém aguentava o cheiro

Já tava o sol se pondo

Quando a 'briga' terminou

Ele que era redondo

Agora até afinou

Muito mal, enfraquecido

Com olheiras muito grandes

Tava muito parecido

Com uma lhama dos Andes

Quando conseguiu deitar

De lado, meio a reboque

Ficou assim a pensar

"- Ah se eu tivesse um bodoque !"

"- Esse macaco ia ver"

"- Que comigo a coisa é feia ! "

"- Ia por ele a correr"

"- Levar ele pra cadeia"

Aprendeu bem ligeirinho

Depois do "leva e tráz"

"-Macaco é bicho daninho"

"- Confiar nele...'NUNCA MÁS' !"

Amanheceu inteirinho

Não tava sentindo nada

Mas falando bem baixinho

"- TIAU PRA TI, MACACADA !!!"