Nós.
Eu, o Assassino
Difícil dizer o quão difícil foi
apagar da minha mente a imagem da pólvora sendo apagada
da minha mão.
Forçando um pouco ainda posso sentir o seu cheiro,
o odor queimado,
o polegar pulverizado,
e toda aquela convulsão.
Nunca mais houve para mim qualquer noite de sono.
Só alternâncias de focos de luz.
Quantas sensações é possível guardar?
Quantos litros de sangue são necessários para encher as minhas mãos?
Ele, o assassinado
Não foi difícil matá-lo.
O certo é que ainda posso vê-lo,
cheio daquela impaciência desmedida e daquele orgulho
que nunca transbordava.
Toda a sua polidez.
A sua barba bem-feita,
E o seu comprometimento.
Não, não foi difícil matá-lo.
Mais difícil seria invejá-lo por mais toda
aquela eternidade que
persistia em permanecer.
A Agatha Christie e sua imaginação fora de série.