Coisas de menino


Costuma-se dizer que menino
só faz o que quer, quando o pai
não se incomoda.  Eu não tive
esta sorte, e não fazia o que queria
porque levava uma sova.

Ninguém é de ferro
e nem a porta do meu quarto
era de grade, de vez em quando
eu escapulia e fazia uns estragos.

Tinha média, era um menino educado
ajudava na missa pra beber o vinho do padre,
e quando encontrava o dizimo
cometia outro pecado.

A igreja era a minha segunda casa
e até futebol no patamar eu jogava,
de vez em quando dava policia
porque as beatas entregavam.

A bola não tinha culpa mas ia pra faca,
ficáva triste e amargurado
e no outro dia repetia o pecado,
abria o cofre sem ter a chave.

Tinha uns cómodos que eu adorava
eram as escadas de acesso às laterais.
Não eram confortáveis
mas convencia-se a namorada...

Bons tempos la se foram
e as coisas de menino viram tesouros,
ficam na memoria como se fossem mapas
de vez em quando agente conta e dá graça.


Ulisses Maia
Enviado por Ulisses Maia em 19/08/2008
Reeditado em 19/08/2008
Código do texto: T1135512
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