A HONRA DE TRABALHAR

Tenho muita pena, de não ter continuado meus

estudos. Mas uma soberana imagem, tomou

conta de meu romantismo: ir trabalhar,

levando em minha mão, a mala com o almoço,

e, assim, sair para a rua, rumo a algo, que tinha

por grandioso.

Adorava levantar-me cedinho, preparar tudo,

arrumando bem a minha mala de couro,

despedir-me lá dos de casa, e, fizesse calor ou

frio, pôr-me a caminho da oficina, para

aprender uma profissão.

Naquela altura, lembro bem, dava-se valor a quem

trabalhava, não como nos dias que correm, onde

cada um passa por cima do outro, para atingir seus

fins sinistros e ainda nos olham de lado, simplesmente

por desempenharmos bem o nosso oficio.

Acabou-se o romantismo e o orgulho, pelo trabalho,

do dia-a-dia. Levantar inda mal raiava o sol, respirar um

pouco de ar à janela e vermos nossos companheiros,

dirigindo-se a seus postos, de passo firme a altruísta.

Por romântico ficaram-se as facilidades, para adquirir

cobiça, pelo que é dos outros. Fazer-se que se estuda,

para terem um carro, oferecido pelos pais, e, sair à noite,

embriagando-se, até encontrar a morte nas estradas.

Sociedade de plástico, onde o fútil é recomendável.

Mal-educados, que não respeitam quem trabalha e

se dão até ao desplante, de não ceder seu lugar, nos

transportes públicos, aos velhos, fazendo-os suportar

a viagem toda de pé e rindo-se, como cerdos na

engorda, satisfeitos com sua participação, nesta vil

sociedade, de bastardos e falhos de inteligência.

Jorge Humberto

16/09/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 17/09/2008
Código do texto: T1182661
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