A INFÂNCIA POBRE QUE ENSINA
Aos quatro anos
Ter sido abandonado
Pelo pai, desenganos
Sinto-me ressuscitado
Pra comer pouco se tinha
Isto não é invenção minha
Polenta com açúcar se tinha que comer
Quem de fome não quisesse morrer.
Como um “cachorrinho” abandonado
Por meus pais eu fui largado
Uma hora na casa de um eu ficava
E logo, logo noutra eu já estava.
Com sete anos fui morar
Com minha mãe a trabalhar
Enquanto eu tinha que estudar
Dificilmente estávamos a nos encontrar.
Foi assim, solto que me criei
Sem pai e mãe e deste modo sei:
Do pai e da mãe a importância
Para a criança, não só na infância.
Não tinha presentes
Com pais ausentes
Com pouco sobrevivi
Por milagre estou aqui.
Não tinha material para estudar
Não tinha calçados para caminhar
No frio ia de chinelo de dedo
Em direção a escola logo cedo.
Roupas velhas e rasgadas
Tênis estragado e meias furadas
Assim, foi minha “infância”
Para além de toda “nuância”.
Hoje enfim reconheço
A necessidade do recomeço
Das dificuldades enfrentar
Se na vida quiser prosperar.
Minha história é de superação
De um esforço que não foi em vão.
Sei que não posso ficar parado
Muito ainda há por ser conquistado.
Assim como fui ajudado
Buscarei sempre ajudar
Todo aquele que precisar
Também deve ser requisitado.
Picolé eu só ganhei
Quando um tio eu ajudei
Carrinho de picolé tombou
Antes de estragar se chupou.
Vida de “pobre” não é fácil
Para “quem é mole” é mais difícil.
Quem não sabe planejar
E tudo que ganha esta a gastar.
De tudo isso uma conclusão
Que quem luta prospera
Estudar é uma grande propulsão
Para quem busca evoluir, ou já era....