TEMPO

O mundo pertence aos que têm menos de trinta.

Depois disso, é analisar o que foi feito. Se foi. Ou lamentar...

Na era das lamúrias – após os trinta – o que não houve, faz falta... E como faz !

As reflexões de agora, me fazem constatar o quanto me negligenciei.

Desculpas várias: conceitos - pré ou não -, temores, pudores, moral – “a” ou “i”...

Até o tempo faltava...

Ah, o tempo !

Mas o que mais assusta é o que a inatividade fez e com o meu ok.

Onde eu estava naquela idade? O que eu fazia? Lágrimas verti? Bocas beijei?

Na memória, rostos e nomes de uma história que não está mais lá.

Fatos efêmeros, voláteis, deléveis... Sem registro ou fotos.

Eu não vivi...

E agora?

Ainda há tempo? Posso buscar o convívio com os da outra era e resgatar estes bens perdidos? Posso me disfarçar e me misturar a eles? Serei aceita?

Não encontro espaço entre os “meus” que hoje, prazerosamente, se analisam... eu os invejo.

Dispenso a companhia dos outros, os meus “irmãos”... eu não me entrego!

Quero de alguma forma parar o tempo ou abrir nele um espaço.

Quero de alguma forma um espaço para o meu tempo.

Quero de alguma forma viver, tudo que o coração pulsa.

Maria Luiza Falcão
Enviado por Maria Luiza Falcão em 25/04/2006
Código do texto: T145332