TEMPO
O mundo pertence aos que têm menos de trinta.
Depois disso, é analisar o que foi feito. Se foi. Ou lamentar...
Na era das lamúrias – após os trinta – o que não houve, faz falta... E como faz !
As reflexões de agora, me fazem constatar o quanto me negligenciei.
Desculpas várias: conceitos - pré ou não -, temores, pudores, moral – “a” ou “i”...
Até o tempo faltava...
Ah, o tempo !
Mas o que mais assusta é o que a inatividade fez e com o meu ok.
Onde eu estava naquela idade? O que eu fazia? Lágrimas verti? Bocas beijei?
Na memória, rostos e nomes de uma história que não está mais lá.
Fatos efêmeros, voláteis, deléveis... Sem registro ou fotos.
Eu não vivi...
E agora?
Ainda há tempo? Posso buscar o convívio com os da outra era e resgatar estes bens perdidos? Posso me disfarçar e me misturar a eles? Serei aceita?
Não encontro espaço entre os “meus” que hoje, prazerosamente, se analisam... eu os invejo.
Dispenso a companhia dos outros, os meus “irmãos”... eu não me entrego!
Quero de alguma forma parar o tempo ou abrir nele um espaço.
Quero de alguma forma um espaço para o meu tempo.
Quero de alguma forma viver, tudo que o coração pulsa.