Os Fios Brancos

Os fios brancos

Tomam conta da idade,

O Tempo passa e eu ainda a vejo jovem,

Sempre apressada ,

Com andar Devagar...

Como um navio que só se lembra

Do passado a cada porto...

É assim você, quando o tempo

Toma conta dos fios brancos.

O tempo é o melhor mensageiro,

Do inicio ao fim.

Mas calo a boca e deixo o tempo agir por mim,

Arrancando os fios jovens e deixando

Apenas fios brancos em seu cabelo.

Me transformo tépida em água dilatando

A pele e abrindo teus poros para o que há de novo.

Por que a alma é jovem.

É o arranha-céu.

Quando não se fica parado,

Ou chorando em um quarto de hotel.

As gardênias me disseram essa manhã

Que iria chover, e

Molhar todo seus cabelos, brancos

Pombos sobrevoaram o céu e

Em seu campo eletromagnético

Arranharam o céu e me trouxe lágrima de chuva.

Nele vi seu olhar.

Triste.

Cálido.

Bondoso, e

Erroneamente abandonado por beata que te criou.

Pela noite tento ser Zeus e mudar o tempo,

Mas este faz-se presente e toma conta do meu corpo ,

Tenebroso como a noite que tentei manipular .

Mas a perdi a tal ponto que esqueci-me do próprio Eu

Pelo qual vivo, pelo qual escureço e morro.

As lágrimas da chuva me guiam para longe,

Acima dos rios, de águas turvas

Para fecundar o que o tempo não pode trazer:

O passado.

Andreia Batista
Enviado por Andreia Batista em 02/05/2006
Reeditado em 16/08/2006
Código do texto: T149038