E o tempo parou (Despedidas)

Acordei nessa manhã com o sol escondido entre as nuvens

Ele vinha me dar adeus

Leve e calmamente ele entrou pela janela

Veio me levar para a terra dos meus sonhos

Lá, depois das montanhas onde a lua descansa das noites.

Eu vejo os riachos, as clareiras passando.

De olhos fechados vou sonhando

Com tudo o que sempre quis ver

Seria mais um adeus?

Neste amanhecer na serra entre nuvens

Eu vejo que por um momento tudo volta a ser possível

Mesmo que seja por um breve segundo de ilusão

Eu me vejo realizando tudo o que desejei

Eu me vejo cumprindo todas as promessas que fiz

Rasgando todas as cartas de dúvidas

Todas as incertezas e dores

De repente a luz do dia me mostra que mesmo em um sonho

Os dias sempre continuam a nascer

E agora sei que sempre vou continuar na estrada

Vivo ou morto, criança ou idoso

O que quer que venha daqui pra frente servirá para mostrar

Que esses novos dias são apenas aqueles dias antigos

Que nós recriamos

Dias que eu reergui de um passado esquecido

São memórias que não carrego mais

Momentos que deixei ao vento para que fossem levados pela chuva

E um dia viessem a se reencontrar comigo

Quando finalmente eu parasse para descansar

No fim da minha estrada

Antes da última jornada dos anos velhos

Antes que um último beijo venha selar meus lábios na terra

Acordei nessa manhã sabendo que as noites que passaram

Eram apenas noites comuns

E a escuridão não era nada além do medo de novos dias

O sol veio me lembrar do amor

Das doces palavras, dos poemas sinceros...

E de repente todos os anos voltaram em um único dia

E o tempo parou naquele momento

Uma lágrima escorreu do meu rosto cansado

Chorei e sorri em nome das coisas simples

Das coisas únicas, das minhas lembranças

Uma lágrima de sonhos refeitos me abraçou

Na memória daqueles dias em que vivi intensamente

E que agora retornam para me guiar na estrada

A bela estrada que me leva embora da vida