A pulseira dos anos 60

O que sobrou dos anos 60?
Éramos jovens, todos jovens,
Um pouco hippies,
Um tanto revolucionários,
Um muito amorosos
Faça amor,
Não faça a guerra!
Queríamos a liberdade:
Pensamento,
Sexo,
Várias liberdades.
Nossos pais,
Dedo em riste
Esbravejavam:
Liberdade sim,
Libertinagem não!
Passeávamos
Em Passeatas.
Slogans gritados:
"O povo unido
Jamais será vencido!"
Mas fomos um fracasso,
Não unimos o povo.
E o povo não venceu,
Mergulhamos nossas mágoas,
Em muitos copos de cerveja.
Era a única coisa que levantávamos.
Mesmo assim, olha aí:
"Que medo eles tem de nós!"
E apanhamos dos pais,
Da Polícia e da repressão.
Tudo em nome de convicções,
Idealismos, Vanguardismos
E outros e mais outros ismos.
Tínhamos nossos ídolos,
Nossas canções,
Nossos ideais,
Nossos heróis.
Todos proibidos,
Apesar do Caetano
Gritar“É Proibido Proibir!”
Por que falo tudo isso?
Por causa dessa pulseira?
Bonita, resplandecente.
Parece que ela
Permaneceu imune a tudo.
Está como se fosse nova.
Não tem nenhuma marca,
Passou incólume.
Atravessou o século.
Sobrevive aos tempos,
A outros tempos,
Sem símbolos.
Volto a guardá-la
No baú da memória.

Foto: Judith Tomaz

Roberto Bordin
Enviado por Roberto Bordin em 03/04/2009
Reeditado em 03/04/2009
Código do texto: T1520256
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