Segredos do Tempo

SEGREDOS DO TEMPO

Revirando o alforje da memória

revivi momentos.

Menino me vi.

Achei amor de mãe, poesia e palmatória.

Pés descalços, correndo livre pelo sertão

- feito ave de arribação,

num despetalar de sonhos pueris.

Lua, luar, lua cheia.

Baleeira, bodoque, pião.

Velhas canções empoeiradas,

mandacaru, juazeiro, algodão.

Asa branca me traz lembranças tecidas de fibras de saudade

e um silêncio quebrado pelo triste aboio de um vaqueiro.

Um sabor acre de umbu e um cheiro de fome que o vento tange de geração em geração.

Agreste lembrança de uma asa partida – pedaços de vidas de um Brasil sem nome.

Fecha-se a casa de detenção dos sonhos.

Do lado de fora o triste bater de um coração

- que chora.

São segredos de um tempo que nem o impiedoso tempo não apaga,

nem devora.