Eu era

Eu era

Eu era bebê.

Eu era menina.

Eu era adolescente.

Eu era donzela.

Eu era inocente.

Eu era moça feita.

E desfeita no tempo.

Dei sim tempo ao tempo.

Eu era mais gorda.

Um pouco mais inteligente.

Um pouco afoita gulosa e

ausente.

Sentia-me esperta, na certa

achava-me “mais mais” que

muita gente.

Estrepei-me, mais errei que

acertei.

Eu era mais sábia, via o que

antes não via.

Sabedoria sangrenta talvez

tardia, eu já tinha 90.

O NOVO POETA. (W.Marques).