SAUDADE DE MIM

Amanhece o domingo

sem o cheiro do café da mãe

e longe, muito longe

do pai que viajou.

O sol vem vindo

e já não bate mais

no rosto das irmãs

que dormiam ao lado.

As meninas cresceram,

deixaram seus brinquedos

largados do lado de fora.

Nada tira de mim

essa vontade de ver crescer

o mesmo tempo

regado gota por gota

para jamais vê-lo morrer.

A filha do meio

não sabe viver só,

vive pendurada na janela

esperando ver passar

o cheiro de bolinho de chuva,

e da terra molhada

que obrigava as meninas

a ficarem em casa.

Lembrar faz parte do domingo

que se espreguiça na cama vazia

e dela parece não querer sair.

Converso com essas lembranças

que não são doídas

são sim saudades de mim.

Cláudia Sabadini
Enviado por Cláudia Sabadini em 21/06/2009
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