Velhos livros na estante

Em surrados livros revi

flores ressequidas, esquecidas,

lábios que beijaram páginas

em relevos já esmaecidos

Recordei seletos momentos idos

ao deparar com textos sublinhados

nas diversas cores do arco-íris

e palavras soltas escritas a mão

Lá estavam, apagadas, folhas secas

outrora regadas por sorrisos

afagadas em tardes que se foram

deixadas ali como a expressão de algo

Velhos e guardados livros de ontem

que se aconchegaram a seios

virginais cobertos e escondidos

mas permitindo que o arquejo fluisse

Nas páginas puídas e amassadas

impressões digitais femininas

ali deixando marcas de sua passagem

carinhosa por vezes, irritada tantas

Hoje são livros olvidados na estante

mas transbordantes de estórias

de lágrimas, de olhares, de amor sutil

de ingenuidade e êxtase juvenil

Compêndios de minha adolescência

testemunhas das muitas dores e risos

do brotar da primeira paixão

do duro amadurecimento do meu coração

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 24/06/2009
Reeditado em 08/07/2009
Código do texto: T1664258
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