TENTATIVA DE RETROSPECTO
TENTATIVA DE RETROSPECTO
De estilo nada poético
Por entre versos vida vou tecendo
Se abandono este lado estético
Nada resta e nada entendo.
Se além da vida algo mais belo e forte
Sento-me e espero a chegada da morte.
Com raiva não mais agrado
Embora não se mostrem
Hipócritas como sempre calados
Vejam os frutos que não se colhem.
Em letra como sempre incertas
Menino ingênuo diz ser poeta.
Poeta e um tanto louco
Mesmo que não queira dizer
Nem falar aos poucos
Esta é minha maneira de ser.
Já não necessito desses fingimentos
Nem belas palavras tampouco consentimentos.
Pois é claro e óbvio
Que mais uma vez o eu se perdeu
E vendo-o consumindo-se em versos contraditórios
Sinto que do passado áureo se esqueceu
Ache-me razões para existir
E darei-te provas que mereço ir.
Não escrevo mais do Amor
A ti não escrevo também
Chega de fazê-lo em favor
Sejamos o que somos, ninguém.
Coisas do passado vem em memória
Ao que confesso penso serem-me próprias.
De uma vez por todas
Nada mais digas
Soube tantas coisas entre outras
Agradar suas poucas amigas.
De que valeram as amizades
Quando cada vez perdia a verdade.
Agora somente simples adolescente
Lembro dos bons tempos de criança
Quando a alegria permanente
Trazia-me certas esperanças.
Perdi-me no labirinto de minh' alma
E é difícil ser um ser sem calma.
Pelos caminhos prossigo
E a eles estou entregue
Como sempre pouco digo
Pois o vento é o único que me segue.
Nos caminhos por vezes poucas respostas
Ou somente inconvenientes alternativas impostas.
Latentes são meus medos
Nem que me perca os revelo
Tê-los mantidos em segredo
Tornou-me mais ou menos sincero.
Sinceridade em nosso mundo é diferente
Te difamam por trás e o veneram pela frente.
Não se sabe se há um fim
Nem ao menos se agora há verdade
Pena não tenham de mim
Pois passou o tempo já é tarde.
Quis eu algo a vida acrescentar
Faltou-me alegrias, faltou-me amar.
FERNANDES OLIVEIRA