O Velho e o Mar
Lá está ele
No luar da noite
Entre a brisa leve do vento nordeste
Com sua tarrafa a beira-mar.
A luminosidade da lua
É refletida entre as ondas
No bater na areia.
O seu olhar é penetrante
Em busca do brilhar do cardume
Na água salgada, que bate em suas canelas.
A brisa se vai
E o vento nordeste sopra forte agora...
As ondas tremulam rapidamente,
Ofuscando o incansável pescador.
Já é madrugada, a maré mudou...
Está rasa, torrada...
As conchas são espinhos na pele dura e calejada
Dos pés do velho pescador.
Numa faísca na água a brilhar,
Ele joga magistralmente sua tarrafa
E pega um cardume finalmente.
A tarrafa está pesada,
Os braços doloridos pelo tempo,
Pela vida, mas ele tira deles uma força
Do além.
Exausto, o pescador
Consegue tirar do mar
O alimentar em mais uma noite
Com a ajuda do luar.
Missão comprida, onde um peixe esquecido
Fica a pular na areia, chamando atenção
De uma solitária gaivota,
Que pega e ceia sua oferta na madrugada.
Lá vai para casa o velho pescador...
No ombro sua tarrafa...
Em uma das mãos a sacola cheia de vida,
Para alimentar a sua vida e de mais alguém.
Sentado no calçadão,
Contemplando isso tudo
Está um poeta, uma caneta
E uma folha de papel.
(Rodrigo Poeta – 19/07/09)