Série Personagem: n.22


Ao abrir a porta devagarinho,
toco na escada abandonada
desse antigo e belo casarão,
e sinto o alvoroço do coração
vendo os móveis sob o lençol
em frente das velhas cortinas,
meio rotas ...quase descaídas,
cobrindo janelas empoeiradas.

Ah! Meu Deus, que triste sina!

Parece-me que a noite e o sol
olvidaram as festas no Salão:
bailes ... saraus ... madrigais...
E posso até ouvir as serenatas,
ao pé da minha clara varanda.
Estranhas são as sombras atuais,
que dançam sobre as paredes nuas,
sem quadros de marinhas e de luas.

Imensa saudade de mim se adona,
fundindo-se ao meu triste dissabor.


Sou o que dela restou, a dona,
e caminho entre fantasmas
mergulhada nas lembranças.
Quem me dera a esperança
de nela morar, dançar, amar.
Mas há o relógio ali parado,
parece rir da alma-criança
que só sabe mesmo sonhar...

Ah! Fecho a porta de mansinho
e chorando em dor e desalinho,
digo o adeus ao meu belo
solar!


Silvia Regina Costa Lima
12 de janeiro de 2009



















SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 16/01/2010
Reeditado em 19/01/2010
Código do texto: T2032634
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